De acordo com a doutrina cristã da criação, fomos feitos à imagem de Deus. Temos uma capacidade interna, ou ainda, uma necessidade interna de nos relacionarmos com Deus. Deixar de fazê-lo significa falhar como ser humano. Alcançar a realização pessoal é se deixar ficar pleno de Deus. Nada que seja transitório jamais poderá satisfazer essa necessidade. Nada que não seja Deus jamais poderá sequer aspirar a tomar o lugar de Deus. Contudo, por causa da natureza decaída do homem, existe agora uma tendência natural de procurar fazer outras coisas preencherem essa necessidade.
O pecado nos afasta de Deus e nos tenta a colocar outras coisas em seu lugar. As coisas criadas são assim colocadas como substitutas de Deus, todavia elas não satisfazem porque somos vasos que estamos sempre vazando. De algum modo, estamos sempre incompletos. Podemos despejar coisas nos recipientes de nossa vida, mas há algo que impede que o jarro fique cheio. Estamos sempre parcialmente vazios, e por esse motivo, temos uma consciência profunda de fasta de completude e de felicidade. Aqueles que um dia experimentaram o vazio sabem que depararam com um tipo de fome, ou vazio, peculiar; nada que é terreno pode satisfazê-lo.
É interessante dizer que algumas ideologias como o marxismo reconheceu esse sentimento e se afirmou capaz de curá-lo. Como o advento da revolução, esse sentimento de vazio, resultado direto do capitalismo desapareceria, diziam os marxistas. Contudo, se observarmos bem, naquelas partes do mundo em que a revolução chegou, esse sentimento de alienação e de insatisfação persiste. Um dos filósofos ateus mais conhecidos de nosso tempo, Jean Paul Sartre dizia que “não podemos achar felicidade em nada que seja humano ou criado” e acrescenta dizendo que “temos um desejo inato de negar que somos incapazes de achar satisfação no mundo”. De fato, Sartre estava correto.

Queridos, nós não precisamos esperar pela eternidade para experimentar Deus; essa experiência pode começar agora, ainda que de modo imperfeito. Precisamos declarar profundamente o que Agostinho disse a muito tempos atrás:”Porque nos criastes para vós, o nosso coração vive inquieto enquanto não repousa em vós”.
Que Deus nos abençoe imensamente.
Rev. Renato Rocha
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