sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Simplicidade – libertando-se da obsessão pelo ter


Temos compartilhado desta série nos cultos à noite. Não é muito difícil para mim e você percebermos que somos esmagados pelo ter, como se o ter fosse mais importante que o ser. É visível a corrida louca das pessoas por bens matérias, por acúmulos. Em toda essa corrida nos perdermos e passamos a valorizar muito mais as coisas do que as pessoas e pior, Deus muitas vezes se torna somente o facilitador do processo e não aquele a quem devemos toda a nossa adoração. Muitas vezes esquecemos que o centro de todas as coisas é Deus e que tudo depende dele e tudo provêm de suas mãos. Devemos portanto depender dele radicalmente. Ninguém possui existência independente nem capacidade de auto-sustentação. Tudo o que somos possuímos é por derivação. Para eu e você não sermos engolidos pela obsessão do ter, precisamos trilhar o caminho da simplicidade, pois a simplicidade é um retorno da dependência radical de Deus. Como crianças, passamos a viver no espírito da verdade. Tudo o que temos são dádivas do Criador.

Mas não basta, para vivermos em simplicidade, sabermos que somos totalmente dependentes de Deus, é preciso mais um pouco: Obediência radical. Um bom exemplo de alguém que se dispôs a isso foi Abraão. Intimado a oferecer em sacrifício seu tesouro mais precioso – seu filho Isaque, Abraão não vacilou, simplesmente obedeceu. Sem plano “B” ou clausulas de exceção: “e se...” ou “mas...”. Essa santa obediência é que constrói o canal por onde flui a vida de simplicidade.

A obediência radical só é possível quando Deus conta com nossa total submissão. Os 10 mandamentos começa com uma ordem simples: “Não terás outros deuses diante de mim” e em seguida apresenta mais três advertências contra a idolatria. A idolatria, naturalmente, consiste na intenção de dedicar a algo ou alguém uma submissão maior que a Deus. “Não!” grita-nos o decálogo: O Deus único e verdadeiro deve estar no centro de nossa devoção.

Nos dias de hoje precisamos reaprender que somente Deus é merecedor de nossa adoração e obediência. A idolatria aos bens materiais é desenfreada. O desejo de obter sempre mais é o que orienta nossas decisões. Observe como o quarto mandamento – a respeito do dia de descanso – atinge em cheio essa compulsão pela prosperidade. Fica difícil parar e descansar quando o trabalho nos permite ultrapassar os outros. Não existe hoje maior necessidade que a liberdade de poder lançar ao chão o pesado fardo pelo lucro.

O décimo mandamento é a proibição da cobiça. No âmago desse pecado está a luxúria do possuir. Obviamente, não há nada de errado em possuir bens. A ânsia descontrolada, a compulsão e o desejo sem limites é que são condenados. A cobiça é idolatria porque consiste na adoração das coisas materiais, mas – e aqui reside a dificuldade – todos nós acreditamos que temos total controle sobre nossos desejos. Ninguém admite estar dominado pelo espírito da cobiça. O problema é que todos nós, a exemplo dos alcoólicos, somos incapazes de reconhecer a doença depois que somos dominados por ela. Somente a ajuda externa poderá detectar o espírito que pretendeu estar acima de Deus em nosso coração. Temos motivo para nos preocupar com esse estado idolátrico de cobiça porque, se os bens temporais tem prioridade em nossa vida, a obediência radical torna-se impossível e o caminho para a liberdade da obsessão pelo ter, fica mais difícil ainda.

Simplicidade. É preciso aprender com Jesus que sendo rico se fez pobre por amor de cada um de nós e soube valorizar, mais do que todos, uma vida profundamente centrada em Deus e no outro. Que Deus nos abençoe.

Rev. Renato Rocha

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Ficha limpa



“Quando os honestos (os justos) governam, o povo se alegra; mas, quando os maus dominam, o povo reclama”. (Pv 29:2)`

 
Mensalão, caixas dois, esquemas de compra de resultados nos tribunais, sonegação fiscal, falsidade ideológica, peculato (subtração ou desvio, por abuso de confiança, de dinheiro público), formação de quadrilha, improbidade (desonestidade) administrativa, corrupção ativa, apropriação indébita, crime de responsabilidade, corrupção ativa, declaração falsa do IR, etc. Todos esses termos fazem parte dos noticiários dos jornais sobre alguns políticos de nosso país e infelizmente tem contribuído em muito para que o Brasil seja conhecido como um “País corrupto”. Recentemente foi sancionada pelo presidente da República a chamada “Lei da Ficha limpa” que visa punir candidatos que ‘doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição’. A lei é uma ação punitiva à criminosos políticos ou suspeitos, ela visa impedir que políticos nessas situações atuem ou participem de eleições.
 
Quando observo situações como essa em nosso país fico a me perguntar: “O que está acontecendo com as pessoas que nos representam?” Ganham muito bem. Muitos deles têm curso superior. Muitos deles são empresários, vem de boas famílias e moram em excelentes casas. São pessoas populares e assumem cargos de extrema importância para a nação. Mas o que acontece na vida desses para que se deixem corromper? É vergonhoso, não só para os políticos, mas para todos, ser honesto? Algumas respostas podem ser dadas à princípio:
 
1. A integridade hoje tem sido substituída pela “aparência”. Infelizmente é triste notar mas as pessoas medem umas as outras não pelo que são, como se comportam, em que acreditam, mas se “estão bem na fita”. É bom dizer que integridade tem a ver com o coração, com a intimidade, com os escuros de nossa alma que só o Eterno que sabe.
 
2. O dinheiro, a popularidade e o sucesso tem se tornado um deus para as pessoas. Quando trocamos Deus por “outro” deus a auto-promoção, o benefício pessoal, a luxúria e o desejo desenfreado por “mais, mais e mais” é uma excelente proposta para a vida. As pessoas ficam desesperadas por lucro, por posições, por fama achando que isso é a sua tábua de salvação e por isso se iludem vindo a crer que a vida de uma pessoa consiste na abundância de bens que possui.
 
3. A economia de mercado baseada no consumo e uma nova irrupção do sagrado que faz transpirar “espiritualidade” tem moldado o mundo. Por um lado temos a economia de mercado que se encarrega de nos cercar por todos os lados com a mensagem da necessidade de consumo insaciável e por outro lado a teologia da prosperidade que se encarrega de revestir essa obsessão de consumo com uma roupagem espiritual.
 
Diante de tudo isso fica a pergunta: “È possível viver num país em que não se tenha necessidade de uma lei para tratar os “fichas sujas”? Seria somente os políticos os acusados de “ficha suja?”. Como sempre, a Bíblia nos trás o padrão para essa situação. Basta olharmos para a vida de homens como Daniel e José. Os dois faziam parte do alto escalão do governo, assumindo altas posições, tendo que tomar decisões que afetava diretamente a vida de muitas pessoas, tendo que lidar com os aspectos econômicos, sociais, políticos e religiosos de uma nação. Quando olhamos mais de perto a vida desses homens é nítido a integridade, o caráter cristão, a transparência e principalmente a fidelidade desses homens primeiramente a Deus. Daniel, por exemplo, não abriu mão da sua vida de oração, da sua postura cristã, de buscar ouvir a voz de Deus primeiramente não se deixando contaminar. José, por outro lado, não se corrompeu, não fez conchavos com ninguém para se livrar da prisão, não deu telefonemas escondidos e nem pagou propina aos guardas mas compreendeu que Deus é soberano sobre tudo e que nele podia confiar e descansar. A ficha de Daniel e José estava limpa primeiramente diante de Deus. Era a Deus que primeiramente que queriam agradar e viver integralmente.
 
O que faz com que homens como Daniel e José, extremamente envolvidos na política do país, assumindo altos cargos públicos, sujeitos a várias propostas indecentes não se corrompam ou não se vendam? - sua fidelidade a Deus, seu temor a Deus.
 
Finalizando, para que a nossa nação não mais exiba ficha de candidatos “ficha suja” é preciso, não somente votarmos consciente e responsavelmente mas, a começar de nós, vivermos também diante de Deus com nossa ficha limpa. Daniel e José são exemplos de caráter na vida, nos negócios, no trabalho, na política para todos nós e não só políticos.

 

Violação de Sigilo

“Portanto, não os temais; pois nada há encoberto, que não venha a ser revelado; nem oculto, que não venha a ser conhecido.” Mt 10:26

Eu e você estamos assistindo mais um caso triste em nosso país. O vazamento de informações fiscais do vice-presidente executivo do PSDB e de mais algumas pessoas que ocupam cargos importantes em nosso país. De acordo com a OAB esse fato é um muito grave pois fere o chamado princípio constitucional do sigilo (O sigilo fiscal é a proteção às informações prestadas pelos contribuintes ao Fisco, assegurado pelos direitos fundamentais protegidos constitucionalmente, conforme dispõe a Constituição Federal de 1988), essencial à segurança do próprio Estado Democrático de direito. Crimes como esse quando não apurados e punidos, afirma a OAB, afetam a credibilidade do Estado brasileiro no que diz respeito ao cumprimento da Constituição e dos tratados internacionais.

De fato, o sigilo, seja fiscal, bancário, íntimo, da vida privada é um direto inviolável que os cidadãos brasileiros possuem, que em outras palavras é o direito que temos de não sermos obrigados a deixar nossa intimidade, nossa vida privada e nossas contas expostas, que é essencial para a segurança seja do Estado, seja da pessoa. Mas, e quanto aos sigilos do nosso coração, são eles também invioláveis? Seria seguro para mim e você guardarmos “certos” segredos no nosso coração?

• Quando Adão e Eva desobedeceram a Deus e fizeram para si folhas de figueira, acharam que podiam viver em “sigilo” diante de Deus, mas a pergunta que Deus faz: “Onde estás” põe para fora o segredo que tentaram ocultar.

• Quando Caim, após matar o seu irmão Abel é confrontado por Deus com a pergunta: “Onde está Abel teu irmão”, mostra claramente que havia “segredo” em seu coração: “Por acaso sou eu tutor do meu irmão?”

• Quando os irmãos de José o venderam a uma caravana de ismaelitas e depois foram falar a Jacó seu pai que ele estava morto, guardaram “sigilo” sobre o que realmente haviam feito;

• Quando Davi pecou contra Deus adulterando com Bate-Seba e depois matando seu Urias, achou que podia viver em “sigilo” diante das pessoas e não diante de Deus: “Passado o luto, Davi mandou buscá-la e a trouxe para o palácio; tornou-se ela sua mulher e lhe deu à luz um filho. Porém isto que Davi fizera foi mal aos olhos do SENHOR.” 1 Sm 11.27

De fato, a Bíblia nos ensina que Diante do criador não temos sigilos, segredos, contas invioláveis, coisas que falamos que não fizemos mas que realmente fizemos: “E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.” Hb 4.13. Quero te dizer meu amigo que até mesmo as nossas faltas que a nós estão ocultas, Deus as conhece (Sl 19.12). O próprio Senhor Jesus desvendou, por várias vezes os segredos dos corações daqueles que não compartilhavam da visão do Reino de Deus: “Jesus, porém, conhecendo-lhes a malícia, respondeu: Por que me experimentais, hipócritas?”(Mt 22.18).

Queridos, o que Deus quer de cada um de nós é que estejamos diante dele, não com “segredos”, não com o coração cheio de pecado, de maldade, de malícia, de ódio mas que confessemos a Ele: “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” Pv 28.13.

Minha oração é que Deus nos confronte com a sua graça e amor para que estejamos com a “ficha limpa” diante dEle e diante dos homens. Que Ele nos sonde e prove os nossos pensamentos para verificar se há em nós algum caminho mau e nos guiar para o caminho Eterno. (Sl 139.23, 24)

Rev. Renato Rocha

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Jarros incompletos

De acordo com a doutrina cristã da criação, fomos feitos à imagem de Deus. Temos uma capacidade interna, ou ainda, uma necessidade interna de nos relacionarmos com Deus. Deixar de fazê-lo significa falhar como ser humano. Alcançar a realização pessoal é se deixar ficar pleno de Deus. Nada que seja transitório jamais poderá satisfazer essa necessidade. Nada que não seja Deus jamais poderá sequer aspirar a tomar o lugar de Deus. Contudo, por causa da natureza decaída do homem, existe agora uma tendência natural de procurar fazer outras coisas preencherem essa necessidade.

O pecado nos afasta de Deus e nos tenta a colocar outras coisas em seu lugar. As coisas criadas são assim colocadas como substitutas de Deus, todavia elas não satisfazem porque somos vasos que estamos sempre vazando. De algum modo, estamos sempre incompletos. Podemos despejar coisas nos recipientes de nossa vida, mas há algo que impede que o jarro fique cheio. Estamos sempre parcialmente vazios, e por esse motivo, temos uma consciência profunda de fasta de completude e de felicidade. Aqueles que um dia experimentaram o vazio sabem que depararam com um tipo de fome, ou vazio, peculiar; nada que é terreno pode satisfazê-lo.

É interessante dizer que algumas ideologias como o marxismo reconheceu esse sentimento e se afirmou capaz de curá-lo. Como o advento da revolução, esse sentimento de vazio, resultado direto do capitalismo desapareceria, diziam os marxistas. Contudo, se observarmos bem, naquelas partes do mundo em que a revolução chegou, esse sentimento de alienação e de insatisfação persiste. Um dos filósofos ateus mais conhecidos de nosso tempo, Jean Paul Sartre dizia que “não podemos achar felicidade em nada que seja humano ou criado” e acrescenta dizendo que “temos um desejo inato de negar que somos incapazes de achar satisfação no mundo”. De fato, Sartre estava correto.

Na verdade, o que queremos dizer é que esse sentimento vago e sem forma que persegue todas as pessoas e algumas tentam preencher com coisas ou negam que sejam incapazes de achar satisfação é um anseio que temos por Deus. Existe um sentimento de insatisfação em relação a Deus, uma insatisfação com tudo o que não seja Deus e que em última análise, nos conduz a Deus. Precisamos reconhecer que o mundo não pode nos satisfazer e que o que mais ansiamos é de uma alegria verdadeira que não é uma piada que nos contam, uma risada, um lugar, uma coisa deste mundo mas simplesmente uma pessoa. Ansiamos por um rosto, por um relacionamento com quem nos fez e com quem podemos nos sentir à vontade. Um Deus pessoal que pode ser tocado, ouvido e presenciado. Jesus quando esteve aqui disse: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus...E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” Jo 1.1 e 14. Ele afirmou claramente que tudo o que precisamos para encher o nosso coração estava nele, através dEle e para Ele.

Queridos, nós não precisamos esperar pela eternidade para experimentar Deus; essa experiência pode começar agora, ainda que de modo imperfeito. Precisamos declarar profundamente o que Agostinho disse a muito tempos atrás:”Porque nos criastes para vós, o nosso coração vive inquieto enquanto não repousa em vós”.

Que Deus nos abençoe imensamente.

Rev. Renato Rocha

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Eu preciso me fortalecer na fé



Todos nós sabemos que permanecer firme em Cristo, com uma fé bíblica e saudável não é tarefa fácil. Jesus mesmo deixou isso claro para os discípulos: “No mundo passais por aflição, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” e sempre os alertou contra as investidas de Satanás, do mundo e da nossa carne. Mais à frente encontramos a mesma orientação dos apóstolos juntos à igreja. O apóstolo Paulo pede para que se elejam presbíteros que pastoreiem a igreja de Deus por causa dos lobos vorazes que não pouparia o rebanho (At 20.28, 29) e em outras passagens adverte contra “vãs filosofias e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos deste mundo” (Cl 2.8). O autor aos Hebreus também faz o mesmo alerta: “ora, na nossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue” (Hb 12.4) e o Apóstolo Pedro da mesma maneira “não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos...” 1 Pe 4.12, o mesmo faz o Apóstolo João da mesma forma, quando escreve às igrejas: “...não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2.10), portanto, é evidente que é primordial o crente zelar por sua fé, por suas convicções cristãs e por seu comportamento cristão. Sabendo de todas essas coisas Deus já havia providenciado exercícios necessários para que possamos estar preparados para a corrida rumo à nossa pátria. Isso é o que chamamos de “meios de graça”, ou seja, maneiras que o Eterno deixou para cada crente desfrutar e lhe servir de fortalecimento espiritual, coisas que os cristãos não devem desprezar para o seu próprio fortalecimento e firmeza na fé. Um bom resumo do que precisamos para o fortalecimento de nossa fé se encontra em At 2.42 a 47. Após serem batizados passaram aqueles irmãos a: 

  • “Perseverar na doutrina dos apóstolos” – buscavam fortalecimento na fé por meio do ensino da Palavra de Deus, do estudo firme daquilo que os apóstolos pregavam;

  • “na comunhão” – buscavam fortalecimento através do viver juntos, do encontrar-se, do depender do calor uns dos outros, do auxílio mútuo, do estar juntos;

  • “no partir do pão” – buscavam através da Ceia, do compartilhar o corpo de Cristo, daquilo que Jesus havia feito para cada um deles, tendo os perdoado fortalecimento de sua fé;

  • “e nas orações” – buscavam fortalecimento da fé por meio da oração, do preocupar-se uns com os outros apresentando os mesmos à Deus por meio da oração;

  • “todos os que creram estavam juntos” – buscavam fortalecimento da fé por meio do estar juntos, do gostar de compartilhar das bênçãos de Deus e da salvação em Cristo;

  • “vendiam suas propriedades e bens distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade” – buscavam fortalecimento da fé por ajudar uns aos outros em suas necessidades;

  •  “diariamente perseveravam unânimes no templo” – buscavam o fortalecimento de sua fé através do estar junto para adoração, louvor, ensino da Palavra e encontro com os irmãos;
  • “partiam o pão de casa em casa” – buscavam o fortalecimento de sua fé através da comunhão íntima, do cuidado próximo, do comer juntos;
Esses nossos primeiros irmãos faziam isso tudo como uma resposta por aquilo que acreditavam que Jesus havia feito por eles. Não eram, se quer, cobrados para que se exercitassem com os meios de graça porque entendiam que, sem esses meios, estariam à mercê de pensamentos, filosofias e falsos ensinos que os desencaminhariam a viver à parte do único Deus.
O que talvez muitos de nós não sabemos é que a nossa fé em Cristo, a nossa alegria nele, o desejo por comunhão, por adoração, por pastoreio, por oração juntos, pelo partir do pão pode ser estremecido por pessoas que já experimentaram todas essas coisas. Creio que você conhece pessoas que, um dia professaram a sua fé, começaram bem na caminhada, até mesmo se casaram com pessoas crentes, batizaram seus filhos, mas tiveram a sua fé abalada por crentes desanimados, não envolvidas com o Reino de Deus, não participativos em nada é não dispostos a exercer seus dons para a edificação de outros.
É preciso queridos sempre lembrar que Deus nos ama e que Ele nos deixou disponível várias maneiras para que tivéssemos nossa fé em Cristo fortalecida e não desanimemos da caminhada em Cristo. É preciso nos dispor a buscar esses meios, a nos desdobrar a ajudar outros, a um fortalecer o outro, a desejarmos viver uma autêntica vida com Deus: “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus” (Cl 3.1)
Que Deus nos ajude cada vez mais.


Rev. Renato Rocha

segunda-feira, 12 de julho de 2010

EVANGELIZAÇÃO E EDIFICAÇÃO, É PARA ISSO QUE EXISTIMOS

Porque a igreja existe? Qual é seu propósito principal? Porque Deus a deixou no mundo? Nós sabemos que antes de subir ao Pai, Jesus tratou diretamente dessas questões. Certo dia, numa montanha na Galiléia, falou usando uma linguagem clara e simples: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai do filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado, e eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28.19, 20).


Em um momento anterior havia dito na presença dos discípulos, mais especificamente a Pedro: “...edificarei a minha igreja, e as portas do inferno [o poder da morte] não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Agora, antes de deixá-los dando continuidade à sua obra e cumprindo suas palavras, disse-lhes: “fazei discípulos de todas as nações!” a ordem é clara, concisa e abrangente. No fundo Jesus estava dizendo: “Enquanto forem, façam discípulos, batizem esses discípulos e ensinem-lhes o que ensinei a vocês”, ou seja, “vão a todos os lugares e ganhem pessoas para Cristo e depois os batizem e ensinem a esses cristãos a verdade que tenho ensinado a vocês”

Se dermos uma olhada um pouco à frente, foi praticamente isso o que aconteceu naqueles dias. Em At 14.21, 22 vê-se uma clara ilustração do cumprimento das instruções de Jesus de fazer discípulos e ensinar-lhes: “E tendo anunciado o evangelho naquela cidade [Derbe], e feito muitos discípulos, voltaram para Listra e Icônio e Antioquia, fortalecendo as almas dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé...” – isso é um claro cumprimento da comissão dada por Cristo em Mt 28.19, 20. Podemos dizer então que a igreja existe para cumprir duas funções fundamentais – a evangelização (fazer discípulos) e a edificação (ensinar-lhes). Por sua vez, essas duas funções respondem a duas perguntas: primeira: “Porque a igreja existe no mundo?” E a segunda: “porque a igreja existe como comunidade congregada?”

Quando perguntamos “porque a igreja existe no mundo?”, você está perguntando o que Deus espera realizar por meio de seu povo á medida que este entra em contato com o mundo incrédulo! E quando perguntamos indagamos: “Por que a igreja existe como comunidade congregada?”, você está perguntando o que Deus espera que aconteça aos fiéis à medida que se reúnam como membros do corpo de Cristo. Evangelização e edificação, eis nossas tarefas.

Que Deus nos capacite cada vez mais e nos engajemos cada vez mais.

Rev. Renato Rocha

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Porque “Grupos de crescimento?"

Se pudéssemos tirar um raio “X” das igrejas encontraríamos a seguinte situação: muita gente que aceitou a Jesus, é um convertido mas anda oprimido e é inexperiente para com as implicações da fé. o pior de tudo que entre esses encontraríamos no meio disso tudo pouco líderes competentes. Gente qualificada e disposta o bastante para começar e sustentar um ministério saudável. Creio que é por aqui que se encontra um dos maiores empecilhos para que o evangelho seja efetivamente propagado.

Todos nós sabemos que Jesus chama discípulos e não meros convertidos à fé. Um discípulo é aquele que aprende com um professor, por meio de exemplos, instrução e experiência durante um período de tempo e tem como resultado sua vida transformada. O grande problema que enfrentamos hoje no modelo de igreja que vivemos é que não forma discípulos, não há treinamento e muito menos treinamos líderes. Creio eu que estamos tendo uma grande oportunidade de uma nova maneira de ser igreja, onde o senso de família é estabelecido, as necessidades pessoais são atingidas e o potencial para o ministério é liberado. É impossível que isso aconteça no contexto de grandes cultos semanais de celebração, sejam eles empolgantes e agradáveis, por isso, a nossa urgente necessidade de refazermos nossa maneira de viver.

Deus tem nos dado essa oportunidade de vivermos num novo tempo onde pessoas não cristãs tem um acesso melhor de entrada à igreja, onde podemos efetivamente evangelizar, onde há cuidado verdadeiro por pessoas, onde há possibilidade de crescimento espiritual, amigável, saudável, na palavra de Deus e no temor do Senhor e onde as pessoas podem usar os seus dons como Deus as concedeu. Estou me referindo aos grupos de crescimento. É por meio do grupo de crescimento que podemos acabar de vez com aquele cenário de vermos, anos após anos, pessoas que vem aos cultos no domingo e deixam a igreja porque não se sentem conectados, importantes, ouvidos e tendo suas necessidades observadas mais de perto. As chances dessas pessoas se tornarem meras observadoras da fé, consumistas de igrejas e infantis na comunhão é muito grande pois não experimentam o verdadeiro discipulado.

Queridos irmãos, Deus tem nos chamado para sermos semelhantes a Jesus em todas as coisas, mas para isso, é preciso nos desfazermos das bagagens que só nos impedem de termos essa vida e compartiharmos essa vida. Creio que os nossos grupos de crescimento são locais onde Deus quer nos proporcionar viver uma nova etapa do nosso crescimento rumo à maturidade cristã, ao discipulado, ao treinamento de líderes, à comunhão verdadeira, à evangelização e no aprofundamento dos relacionamentos e convívio saudável. Quero desafiar você a se dispor para esse novo tempo. Que Deus nos abençoe.

Rev. Renato Rocha