sexta-feira, 25 de junho de 2010

Tempo de arrependimento

“Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mt 4.17)
Conta-se a história de dois homens que evidenciaram verdadeira tristeza por seus pecados. O primeiro foi Pedro, que vergonhosamente negou o seu Senhor. Depois de tudo, ele “saindo dali, chorou amargamente” (Mt 26.75). Alguns dias depois Jesus o restaurou ao discipulado, mandando-o pastorear o seu rebanho (Jo 21.15 a 17). O outro homem é Judas, que traiu Jesus por 30 moedas de prata. Quando viu que Jesus estava sendo condenado, ele, “tocado de remorso”, disse: “pequei, traindo sangue inocente”, depois “...atirando para o santuário as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se” (Mt 27.3 e 5). Casos como esses ainda se repetem hoje quando as pessoas pecam. Uns se arrependem verdadeiramente, recebendo o perdão da parte de Deus e sendo restaurados, mas outros simplesmente são tomados de remorso, não se confessam a Deus pedindo perdão e tocam suas vidas como se nada tivesse acontecido. Há ainda outros que, mesmo quando pecam, não são nem tocados por nada. Onde está a diferença nesses casos? Acredito que seja no fato de que alguns dão suprema importância ao arrependimento para com Deus e outros não.

Se você observar todo o Novo Testamento verá que a primeira nota e a última nota tocada é a do arrependimento. É a nota mais universal do Novo Testamento. O arrependimento é tão importante que tanto João quanto Jesus iniciam os seus ministérios públicos pregando arrependimento: “arrependei-vos, porque está próximo o Reino dos céus” (Mt 3.2; 4.17). Quando Jesus, depois da ressurreição, apareceu aos seus discípulos, abriu suas mentes para entenderem as Escrituras dizendo: “assim está escrito que o Cristo havia de padecer, e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia; e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém” (Lc 24.46, 47). Os demais apóstolos claramente obedeceram esta ordem de Jesus. Paulo, por exemplo, perante os atenienses disse: “...não devemos pensar que a divindade é semelhante ao ouro, à prata, ou à pedra trabalhados pela arte e imaginação do homem. Ora não levou Deus em conta os tempos da ignorância, agora, porém, notifica aos homens que todos em toda parte se arrependam...” (At 17.29, 30). Se refletirmos melhor veremos que as pessoas caíram num buraco, ou seja, estão tentando viver por conta própria, agindo como se pertencessem a si mesmas. Para entendermos que as pessoas precisam se voltar para Deus precisamos compreender que o homem decaído não é simplesmente uma criatura imperfeita que precisa se aperfeiçoar, antes é um rebelde que precisa se render, depondo as armas, rendendo-se, dizendo que sente muito e que compreende que esteve no mau caminho. Significa deixar toda presunção e vontade própria que tem exercitado por anos. Significa matar uma parte de si e sofrer uma espécie de morte. É uma profunda mudança de mente ou coração. Envolve muito mais que tristeza pelo pecado, mas uma mudança na pessoa toda. Não se trata de fazer penitências, ou alguma obra que satisfaça as injustiças, ou algum tipo de remorso, lástima ou compunção mas uma meia volta a más obras, uma mudança de pensamento, sentimento, conduta e vontade, olhando para frente com esperança, numa nova direção.

Creio que a mensagem de arrependimento é urgente hoje. Encontramos pessoas completamente iludidas com esse mundo, vivendo tão somente para ele, escravas dos seus pecados, individualistas, egoístas, soberbas, mais amantes dos prazeres que amigas de Deus, materialistas, arrogantes, mentirosas, desobedientes aos pais, traidoras, falsas e muito mais. Para mudar esse triste quadro somente quando as pessoas retornam conscientemente para longe do pecado e para perto de Deus, numa completa mudança de pensamento, sentimento e vontade.

Para concluir, o convite ao arrependimento foi a primeira palavra da boca de Jesus no início do seu ministério porque é de fato a essência do próprio Evangelho de Jesus: a reconciliação do homem com Deus, o retorno à casa do Pai, uma obra de Deus e do homem.

Que Deus nos use nesses tempos de profunda necessidade das pessoas retornarem para Deus.

Rev. Renato Rocha

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